Por que os rotons existem em hélio superfluido

Descubra por que os rotons existem no hélio superfluido e como essas estruturas em forma de redemoinho afetam suas propriedades e comportamento.

Por que os rotons existem em hélio superfluido?

O hélio superfluido é um estado peculiar da matéria que ocorre a temperaturas extremamente baixas, próximas do zero absoluto. Nesse estado, o hélio exibe propriedades surpreendentes, como a capacidade de fluir sem atrito, ignorando as leis da viscosidade convencional. Uma das características fascinantes do hélio superfluido é a formação de estruturas em forma de redemoinho chamadas “rotons”.

Os rotons são considerados excitações elementares no hélio superfluido, semelhantes aos fônons em sólidos ou aos plasmons em plasmas. Eles são resultados da interação entre os átomos de hélio e são responsáveis pelas propriedades únicas do estado superfluido. O termo “roton” foi cunhado por Landau em 1947, que os descreveu como quasipartículas com momento e energia mínimos.

A existência dos rotons é uma consequência direta das propriedades quânticas do hélio. No hélio superfluido, os átomos de hélio se comportam como um sistema quântico coletivo, formando um condensado de Bose-Einstein. Nesse condensado, a mecânica quântica domina e as partículas se comportam de maneira estranha, como ondas quânticas em vez de partículas clássicas.

Os rotons surgem da interação entre as ondas de hélio quântico em movimento e as imperfeições do material. Eles são criados quando um átomo de hélio colide com uma impureza ou com as paredes do recipiente que contém o hélio superfluido. Durante a colisão, parte da energia é transferida para as ondas de hélio, criando uma excitação roton. Essa excitação se propaga como um redemoinho, criando uma estrutura característica em forma de anel no hélio superfluido.

Mecanismos de formação dos rotons

A formação dos rotons no hélio superfluido pode ocorrer por meio de dois mecanismos principais: o mecanismo de interação átomo-roton e o mecanismo de interação parede-roton.

No mecanismo de interação átomo-roton, os rotons são criados quando um átomo de hélio colide com outro átomo no condensado. Durante a colisão, a energia é transferida para as ondas de hélio circundantes, gerando um roton. Essa interação ocorre devido à atração entre os átomos de hélio, que são governados por forças de Van der Waals. Essa atração resulta em uma perturbação localizada nas ondas quânticas, formando um roton.

O mecanismo de interação parede-roton, por sua vez, ocorre quando o hélio superfluido entra em contato com as paredes do recipiente que o contém. Durante esse contato, as ondas de hélio são perturbadas pela interação com as imperfeições superficiais, gerando rotons. Essas imperfeições podem ser oriundas de impurezas nas paredes ou de desordens estruturais presentes no material do recipiente.

Propriedades e efeitos dos rotons

Os rotons têm várias propriedades notáveis que influenciam o comportamento do hélio superfluido. Por exemplo, eles são caracterizados por uma energia mínima e possuem um momento de velocidade particular. Essas características resultam em efeitos interessantes, como a rotação em velocidades discretas e a formação de anéis concêntricos no hélio superfluido.

Os rotons também afetam a viscosidade do hélio superfluido. Enquanto em um líquido convencional a viscosidade diminui à medida que a temperatura diminui, no hélio superfluido ocorre o contrário. A viscosidade aumenta com a diminuição da temperatura, devido à contribuição dos rotons para o fluxo. Essa peculiaridade é conhecida como “viscosidade roton”.

Além disso, os rotons desempenham um papel crucial na transição de fase do hélio superfluido. À medida que a temperatura se aproxima do zero absoluto, ocorre uma transição chamada de transição lambda, na qual os rotons se tornam cada vez mais dominantes. Essa transição está relacionada à quebra de simetria do condensado de Bose-Einstein.

Em resumo, os rotons são fenômenos fascinantes presentes no hélio superfluido, que surgem devido às propriedades quânticas e às interações entre as partículas. Sua existência e características únicas contribuem para a compreensão da física de sistemas quânticos e oferecem insights valiosos para a pesquisa em áreas como superfluidez e condensados de Bose-Einstein.